De alguns anos pra cá, muita coisa mudou em meu entendimento de fé. Passei por dois grandes acontecimentos que fizeram dissipar um pouco de uma neblina que cobria meu entendimento sobre Deus e sobre a fé cristã.


O primeiro acontecimento me fez perceber que eu, sendo cristão, não estaria livre de sofrimentos. Eles sempre haverão. E ser cristão, a partir de uma perspectiva superficial, não traz nenhuma vantagem sobre os não-cristãos, no que se refere às mazelas que acometem os seres humanos. A salvação de nossa alma não traz consigo nenhum remédio milagroso que termina com o sofrimento e os problemas comuns a todos os homens. Sempre haverá uma pessoa que usará de seu livre arbítrio para te magoar, uma má notícia que sobrevirá quando você menos espera, uma equação da vida que você não consegue resolver. Acontece com quem não conhece a Jesus. Acontece com aqueles que O conhecem e O seguem.


Apesar de compreender essa verdade tentei torná-la mais suave. Quis convencer-me de que, se eu fosse um cristão exemplar e uma pessoa que buscasse avidamente a perfeição, seria recompensado com grandes bênçãos celestiais e teria meus tempos difíceis subtraídos. O segundo acontecimento me fez perceber que não. Ficou claro para mim que com Deus não há troca de favores, há somente graça – o favor procede de uma parte só, a “parte de cima”. Nenhum esforço humano vai fazer com que passemos por menos tribulações ou adversidades: elas não dependem da nossa atitude. Elas estão acima e além de nosso controle. Bênçãos não são compradas. Por nosso mérito chegaremos a um lugar só: o inferno. Todo o lugar ou posição onde podemos chegar é um presente da graça de Deus.



Mas então, qual a vantagem de ser cristão nessa vida? Apenas a salvação de nossa alma e a esperança de um futuro melhor? Se fosse apenas isso, já valeria à pena ser cristão, mas há algo a mais. Há uma faceta da salvação que citamos pouco, mas que retrata talvez a maior distinção entre um cristão e um descrente. O nome dela é PROPÓSITO.



O versículo que mais me fascina na Bíblia é o de Romanos 8:28, que descreve essa verdade: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito”. Quando aceitamos a Jesus como nosso Salvador e Senhor não somos salvos apenas do inferno, mas também do acaso. Não somos mais tripulantes de um barco chamado carma ou destino que navega sem rumo, mas entramos em um barco seguro onde Jesus é o capitão. As ondas podem bater e podem balançar o barco fortemente. Pode parecer que ele anda sem rumo num oceano onde tudo que se vê é água. Pode ser que outros barcos tentaram afundar o seu. Pode ser que a neblina da tempestade esteja tão densa que você nem mesmo avista o seu capitão. Mas ele está lá! Esse barco chamado ‘vida’ está nas mãos de um capitão que conhece muito bem o mar por onde está navegando e ele aproveita cada onda para direcionar o barco para o local onde a bonança o espera.



A partir do momento de nossa conversão não há nada que aconteça em nossa vida que não coopere para o nosso bem. Os sofrimentos já não tem aquele gosto impossível de ser digerido, mas se tornam doces depois de algum tempo. Não existe mais nada mal em essência para o cristão, porque o Deus onipotente faz com que tudo se transforme para bem. Não existem mais coincidências ou tragédias: existem planos divinos!



É nosso desafio ver o sofrimento com outros olhos. Com os olhos daquele que preferiu morrer em uma cruz para que a nossa vida tivesse propósito e sentido – sentido esse que segue sempre a bússola divina.



“Eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Essas são as últimas palavras de Jesus para seus discípulos antes de subir aos céus. Ele não disse que não haveriam aflições, mas garantiu que você nunca estaria sozinho.

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