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Video - O Medidor da Bondade

Assim funciona a graça!


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De que e formado o homem? Parte Dois

A VISÃO BÍBLICA

Analisando seriamente a Bíblia, chegamos à conclusão de que, tanto a dicotomia quando a tricotomia são prejudiciais, se baseadas em uma visão platônica e não judaico-cristã. Na verdade, o problema é muito maior do que somente o fato de termos uma alma ou um espírito. É a concepção errônea do homem que ambas nos dão. 

A Bíblia parece intercambiar muitos términos para falar das partes do homem, tanto na esfera material quanto imaterial. Por exemplo, o Cântico de Maria em Lucas 1:46-47. Ali, vemos um recurso clássico da poesia hebraica, chamado de paralelismo sinônimo. Consiste em repetir a mesma ideia em duas frases sinônimas. A primeira frase utiliza o término alma e a segunda, espírito. Para Maria, claramente não havia diferença entre os dois. 

Se vamos mais adiante podemos perceber que o intercâmbio de palavras não se resume somente a alma e espírito. Por exemplo, Mateus 22:37 nos diz que devemos amar ao Senhor com todo nosso coração (gr. kardia), alma (gr. psuche) e entendimento (gr. dianoia). Sendo assim, devemos dizer que o homem é composto de corpo, alma, espírito, coração e entendimento? A lista cresce quando encontramos nos escritos de Paulo um intercâmbio semelhante entre as palavras gregas sarx e sôma, que significam, respectivamente, carne e corpo. 

A que conclusão chegamos então? O homem tem duas, três ou várias partes? Na verdade, parece que os autores bíblicos utilizam cada um desses substantivos para falar de uma parte específica do homem, mas não em um sentido contrário as outras, como o fazia Platão. Cada parte do homem se refere a ele como um ser completo. Quando Paulo quer se referir às tendências pecaminosas do homem, ele poderá usar termos como carne ou corpo. Quando ele quer se referir às tendências do homem de relacionar-se com Deus, ele usará a palavra espírito ou alma. Isso não quer dizer que são dois entes separados dentro do homem, apenas uma figura literária para ajudar na compreensão. Muito provavelmente, Paulo as usa pelo fato de serem palavras correntes nos círculos filosóficos da época e seriam de fácil compreensão para os leitores. 

De acordo com tudo isso, podemos chegar à conclusão de que não há uma só palavra que defina o aspecto interior ou exterior do homem. A palavra traduzida em português como alma (psuche) sempre se refere ao ser humano como inteiro, a sua vida, e não como uma parte imaterial vivendo dentro de um corpo. Conforme Leonardo Boff, “o semita não conhece uma alma sem seu corpo, e também não possui palavra correspondente para isso”. O único lugar onde podemos encontrar uma visão platônica da alma se encontra no apócrifo “Sabedoria de Salomão”, provavelmente escrito ao fim do século I por um judeu grego, mas em nenhum lugar da Bíblia. 

A RESSURREIÇÃO

O que me fez começar a pensar dessa maneira foi a perspectiva de ressurreição que têm os cristãos. Muitas igrejas contemporâneas imaginam que, depois de morrer, a alma do crente vai para o céu viver eternamente com Jesus. Mas isso não é o que a Bíblia diz. A Palavra de Deus afirma que Jesus venceu a morte e ressuscitou em um corpo físico, material. Na verdade, ir ao céu como uma alma ou um espírito desencarnado não seria uma vitória sobre a morte, seria uma mera consequência. A Bíblia, porém, nos diz que nós ressuscitaremos fisicamente. Essa foi a vitória de Jesus! Não haveria existência pós-morte se Jesus não morresse e ressuscitasse por nós, porque não existe tal coisa como uma alma humana desencarnada. 

Surge então outro problema. O que ocorre imediatamente depois da morte? Muitos afirmam que a alma volta para Deus, enquanto esperamos a reencarnação nos nossos corpos. A Bíblia não diz isso. Alguns versículos dizem que o espírito volta a Deus, ou, como no caso de Jesus e Estevão, que alguém entrega seu espírito e morre. Mas não seria isso algo como um eufemismo, uma figura de linguagem? É muito provável quando pensamos que a palavra grega e hebraica para espírito pode significar também respiração, fôlego. 

A Bíblia não é clara no que diz respeito aos momentos do intervalo post mortem. Paulo, em 1 Tessalonicenses e João, em Apocalipse 14:13, afirmam que os crentes estariam “dormindo” nesse entretempo. Já a tradição judaica acreditava que Deus dava aos justos um corpo como de um anjo, enquanto aguardavam a ressurreição e a vinda do Reino de Deus à terra. 

A única coisa clara é que não viveremos como almas no céu. O Reino de Deus se estabelecerá nessa terra, conforme nos prometem os últimos capítulos do Apocalipse. Sendo assim, necessitaremos corpos físicos (ainda que não totalmente iguais aos que temos hoje, cf. 1 Coríntios 15) para viver e dominar neste mundo. A questão pós-morte não é relevante, dado que, se esse for um tempo de “descanso”, como diz o eufemismo bíblico, não sentiremos o tempo. 

O mais importante de tudo isso é perceber que não há imortalidade na alma. Não há imortalidade em nenhuma parte do homem, porque ele é um ser completo, único e inseparável. É composto sim de partes, materiais e imateriais, mas não independentes, assim como o braço sozinho não é um ser humano, e a perna sozinha não é um homem. A única maneira que o homem pode ser imortal é recebendo o poder da ressurreição por meio de Jesus Cristo, Aquele que venceu a morte.

CONCLUSÃO

Aceitar o dualismo platônico, seja de forma dicotômica ou tricotômica, tem sido extremamente prejudicial para o cristianismo. Passamos a desvalorizar nosso corpo e a pensar nos prazeres como algo sujo. A Bíblia nunca condenou o prazer, somente atribuiu limites para que ele fosse desfrutado da maneira correta. Também, com o dualismo, tendemos a avaliar todas as coisas como secular ou sagrado, e assim a igreja se afastou do mundo, o que impossibilitou a ela ser relevante em um mundo necessitado. 

Obviamente não devemos, com isso, subestimar o pecado. Somente devemos perceber que o pecado não é somente o que é carnal e nem tudo o que dá prazer para nossa carne é pecado. A lista das obras da carne de Gálatas 5 traz coisas como o ciúme e a ira, que claramente não são causadas por nossa matéria ou carne, mas por nossa parte imaterial, o que mais uma vez reforça a teoria apresentada acima. 

Que tudo isso nos ajude a buscar a santificação com a ajuda do Espírito Santo e aguardar a esperançada ressurreição com mais ânimo.

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De que e formado o homem?


Afinal, de que é formado o homem? Corpo e alma? Corpo, alma e espírito? Um estudo dividido em dois posts analisará a história das teorias cristãs sobre a constituição do homem. 



Não são poucas as teorias sobre a constituição do homem. A ciência, por exemplo, afirma que o homem é pura matéria. Para os cientistas naturalistas, não há nada imaterial no homem, apenas reações químicas que nos levam à ilusão de termos uma alma ou algo do tipo. Já a maioria das correntes filosóficas e teológicas aceitam a existência de uma parte imaterial do homem, comumente chamada de alma. Alguns estudiosos da Bíblia chegam a ir mais além, afirmando que o homem é constituído de três partes: corpo, alma e espírito.

A intenção desta série de posts é analisar a cosmovisão bíblica sobre a constituição humana. De maneira resumida, vamos examinar a teoria dicotômica (corpo e alma) e tricotômica (corpo, alma e espírito) à luz de suas histórias e da Bíblia. Por último, gostaria de dar minha opinião sobre a antropologia bíblica, baseado principalmente nos escritos neotestamentários e, também, na visão cristã da ressurreição do homem.  

HISTÓRIA DO DUALISMO (ou dicotomia)

Esse assunto tem se tornado muito popular nas igrejas hoje em dia. Mas, apesar do que muitos afirmam, não está totalmente correto dizer “dualismo grego”. O dualismo, na verdade, é platônico (Aristóteles, por exemplo, tinha uma visão antropológica distinta).

Para Platão, existiam dois mundos:  o mundo sensível - caracterizado como ilusório, temporal e mutável - e o mundo das ideias – eterno, divino e imutável. O corpo, então, pertence ao mundo sensível, enquanto a alma pertence ao mundo das ideias. Assim, há uma clara diferenciação de valor entre os dois: a parte imaterial do homem (sua alma) é boa, incorruptível e eterna, enquanto sua parte material é má, apenas um cárcere para a alma.

Essa filosofia influenciou a heresia gnóstica do século II, contra a qual muitos dos Pais da Igreja (geração de líderes que surgiu após os apóstolos) lutaram ferozmente. Para os gnósticos, o corpo não podia ser parte da salvação. Por causa de todo esse transfundo platônico do desprezo à matéria, eles logo passaram a afirmar que Jesus não havia encarnado. Esse desprezo ao corpo também levava a duas correntes distintas do gnosticismo: uns se entregavam a libertinagem, já que o corpo era intrinsecamente mau, enquanto outros se dedicavam ao ascetismo (disciplina do corpo) tentando liberar sua alma.

O DUALISMO E A IGREJA

Prontamente os pais da Igreja começaram a atacar as ideias gnósticas e neoplatônicas. Justino Mártir (100 a 165 d.C), por exemplo, disse o seguinte: “tão pouco se pode dizer que ela [a alma] seja imortal. [...] De fato, o viver não é próprio dela, como o é de Deus.” Apesar disso, de alguma maneira, os Pais foram gradativamente influenciados por uma tendência a definir a matéria, ou seja, o corpo, como pecaminoso. Isso conduziu a um ascetismo exagerado (como, por exemplo, Orígenes, que se castrou para seguir o celibato), que teve seu auge no surgimento do monasticismo.

Agostinho (354 – 430 d.C.), o bispo de Hipona, aceitava a imortalidade da alma, sendo o corpo um mero instrumento dela para relacionar-se com o mundo físico. O pensamento desse teólogo africano foi de enorme influência para a teologia posterior. E assim, a dicotomia se enraizou na teologia cristã.

A TRICOTOMIA

A tricotomia (divisão do homem em corpo, alma e espírito) não teve tantos adeptos como a ideia dicotômica. Essa visão surgiu com outro Pai da Igreja, Irineu. Para ele, o crente recebia de Deus um espírito em sua conversão, enquanto o não crente era somente alma e corpo.

Na verdade, muda a nomenclatura da ideia platônica, mas o espírito na teologia tricotômica é muito parecido com a ideia de alma proposta por Platão. O espírito do homem, dado por Deus ao crente, é perfeito. Esse ente imaterial está em constante combate com o corpo, sendo a alma uma entidade neutra, que pode pender para qualquer um dos lados. Creio que a maioria de nós já ouviu em alguma igreja contemporânea (especialmente se for neopentecostal): nós somos um espírito, temos uma alma e habitamos um corpo.

Não há tanto para dizer sobre a tricotomia, por ela ser, de certa forma, uma adaptação da filosofia grega de Platão e outros para o cristianismo. Mas, rapidamente, podemos ver sua falta de coerência bíblica. Por exemplo, em 2 Coríntios 7:1 diz: “Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito...” . Há dois problemas aqui que confrontam a visão tricotômica de um espírito:
1) Se o espírito é um ente dado por Deus, ele deve ser perfeito, porque Deus não faz algo imperfeito. O versículo afirma claramente que há coisas que contaminam o espírito, o que quer dizer que ele não é perfeito.
2) Se o espírito, como afirmam os tricotomistas, é um ente separado, ele não pode ser imortal a menos que seja perfeito, porque “o salário do pecado é a morte”. 

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Video - Um Homem Caiu em um Buraco

Uma parábola moderna sobre a salvação em Jesus.


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Livro - O Jesus dos Evangelhos, Mito ou Realidade?

A Editora Vida Nova acaba de lançar o livro "O Jesus dos Evangelhos, Mito ou Realidade". A obra é um debate de duas visões sobre o Jesus Histórico, transformado em livro pelo editor Paul Copan. 

De um lado do debate, defendendo a posição conservadora, está William Lane Craig, um dos maiores apologistas cristãos da atualidade. Do outro lado, John Dominic Crossan, sustentando a posição liberal. Crossan é co-fundador do "Jesus Seminar", um centro de estudos sobre o Jesus Histórico que, utilizando-se de uma metodologia controversa de crítica textual, nega a historicidade dos Evangelhos. Para Crossan, as narrativas evangélicas são, em grande parte, mitos criados pela Igreja Primitiva sobre a pessoa de Jesus. 

Temos ressaltado diversas vezes no blog a importância da apologética para a Igreja contemporânea. Em uma sociedade moderna, onde a figura de Jesus é, cada vez mais, alvo de suspeitas com respeito a  sua historicidade, este livro surge como um excelente recurso apologético. Ele nos ajudará a conhecer os argumentos contra a historicidade de Jesus e, principalmente, as provas de que Jesus de Nazaré realmente existiu e os Evangelhos são fieis em sua descrição da pessoa e obra do fundador do Cristianismo. 



Para obter mais informações sobre o livro, acesse:  http://www.vidanova.com.br/produtos.asp?codigo=618

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Video - Jesus nao e uma Maquina Automatica



Você somente se aproxima de Jesus quando quer algo? 



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A Igreja Ideal

Desde cedo no cristianismo e mais intensamente após o século XVI com a Reforma, os modelos de governo da Igreja têm sido amplamente discutidos e testados. O evangelicalismo recente trouxe novos modelos, que muitas vezes declaram ser absolutos, como o G12 (e todas as outras siglas de números e letras derivadas dele), as igrejas apostólicas, etc. 

Eu cresci em uma igreja protestante onde o presbitério, ou seja, um grupo de líderes eleitos pela congregação, possuía maior autoridade que o pastor, podendo até mesmo demiti-lo. Já participei de outras igrejas onde o presbitério estava abaixo da autoridade pastoral. Outras ainda, de teor neopentecostal, onde o pastor tem a palavra suprema, seja em questões de fé e prática ou administração eclesiástica. Nessa infinitude de visões, ainda podemos contar a complexa estruturação da Igreja Católica Apostólica Romana e seus padres, bispos, arcebispos, magistério, papa, etc., e uma das mais recentes formas de organização: a tendência moderna das igrejas caseiras que, afirmando sua semelhança com a igreja primitiva, proclamam que não deve haver um líder, mas somente pessoas que se reúnem para adorar a Deus. 

Mas qual será a maneira correta de organizar uma igreja? Quem deve ser o líder supremo da congregação? A igreja necessita de apóstolos, profetas, mestres, evangelistas e pastores para ser completa? Uma igreja sem G12, Encontro, Pré-Encontro, Pós-Encontro, pode dar certo? 

Essas são perguntas complicadas de responder e até hoje não se chegou a uma resposta. Quero, porém, dar uma opinião que talvez possa servir de guia para a nossa maneira de ver e de executar a Igreja, enquanto instituição. É uma opinião baseada na Bíblia e não na experiência, o que pode fazer com que ela seja um pouco “crua”. Também seria importante antes de tratar desse assunto, buscar entender a missão da Igreja. Mas vou tentar alcançar o máximo que minha inexperiência permitir. 

A IGREJA PRIMITIVA 

Muitas vezes nós olhamos para a Igreja Primitiva (a igreja pós-ressurreição de Cristo) e enxergamos nela o modelo perfeito. A igreja dos primeiros apóstolos se torna, muitas vezes, o padrão de medida de qualquer outra reunião de uma comunidade cristã. Obviamente, quando olhamos a partir dessa ótica não consideramos textos como o de Gálatas 2:11-21, ou o fato da dividida igreja de Coríntios também pertencer ao que chamamos de “Igreja Primitiva”. 

Muitos consideram que o início da comunidade cristã deva ser imitado hoje: reunião em casas, com uma liderança praticamente informal. Mas não pensamos que talvez o único motivo para reunir-se em casas era o fato de que era impossível aos cristãos, pertencendo a uma religião não-reconhecida, manter um local apropriado para culto. Tenho certeza que, se houvesse possibilidade financeira e legal, os primeiros fiéis teriam diversas sinagogas cristãs. Aliás, até meados dos anos 70 d.C. os cristãos ainda eram considerados e se consideravam judeus, sendo apenas uma seita a mais, como os fariseus, os saduceus e os essênios. 

No início, a igreja era organizada a partir de apenas duas funções. A primeira era a dos líderes das comunidades locais que eram os presbíteros. A palavra “presbítero” significa “ancião”, uma clara herança do judaísmo. O termo era, em um começo, intercambiável com “bispo” que significa “supervisor”. A outra função era a dos diáconos, palavra que significa servo ou ministro. Essa era a organização eclesiástica da metade do primeiro século. Com o passar do tempo o bispo começou a tornar-se mais visível e a ser denominado como líder de várias igrejas de uma região, principalmente, devido à necessidade de supervisão após a morte dos apóstolos. Essa supervalorização gradual do episcopado foi um dos erros que causou mais prejuízos à comunidade cristã. 

AS DESAVENÇAS E A FLEXIBILIDADE DA IGREJA 

Muitos, a partir dessa disposição primitiva, criam doutrinas e mais doutrinas sobre como deve organizar-se a igreja hoje. Outros, tomam passagens como Efésios 4:11 e crêem que a Igreja só alcançará sua plenitude se nela estiverem presentes um apóstolo, um profeta, um evangelista, um mestre e um pastor. Apesar de esse texto esconder profundas diretrizes para a Igreja, não creio que sua interpretação literal seja correta. 

Essa falta de consenso é causada pelo falta de informação bíblica sobre o governo e a organização eclesiástica. Mas por que a Bíblia omite esse ensino que seria tão importante para a igreja hoje? 

Eu acredito que Deus, ao inspirar os autores bíblicos, intencionalmente não incluiu uma sistematização a respeito da organização da igreja. Ele poderia tê-lo feito, assim como descreveu cada detalhe da construção do tabernáculo, mas não o fez. Creio que isso é assim pelo fato de a Igreja ter que adaptar-se à situação cultural e intelectual do mundo em que está inserida. Muitos conservadores dirão que a Igreja é construída sobre verdades absolutas e, por isso, é absoluta e não-passível de adaptação. Porém, muitas vezes, concedemos erroneamente à igreja o status imutável de Deus. 

Deus permitiu, pela flexibilidade da sua Palavra nesse assunto, que a Igreja fosse repensada a cada geração. A questão não é qual modelo de Igreja é o correto, mas qual modelo de Igreja será mais efetivo para satisfazer as necessidades da nossa geração? Isso pode mudar também de país para país, de cultura para cultura. O G12, por exemplo, pode ter dado certo na Colômbia (apesar de a quantidade não medir a qualidade de uma Igreja), mas mesmo em muitas igrejas sul-americanas não funciona. 

Talvez, se Paulo escrevesse hoje ele diria que cada igreja necessita de um missionário plantador de igrejas, um apologista, um pastor, um mestre, um líder de jovens e adolescentes que tenham uma linguagem específica, um administrador formado e um contador fiel. Talvez ele advertisse que hoje devemos ter reuniões caseiras para aqueles que nunca entrariam em uma igreja, e reuniões em templos, para aqueles que têm dificuldade de estar em um ambiente íntimo onde ele não conhece ninguém. 

Muito provavelmente, ele diria que ser apóstolo não é ser líder de várias comunidades. O status que os “apóstolos” de hoje têm é parecido com aquele que os bispos tiveram nos primeiros séculos da Igreja e que fizeram perverter a liderança proposta por Jesus. Talvez ele chamasse de apóstolos aqueles que sofrem para abrir novas igrejas. Ou ainda, ele preferisse que todos os títulos que indicam um governo autoritário, e não servil, fossem abolidos. Basta saber que há uma liderança na Igreja, escolhida não por méritos, mas pelos dons que Deus os deu, e que está lá para servir os santos, para ensiná-los a ser o sacerdócio real. 

E então, qual tipo de igreja pode alcançar as necessidades da sua cidade? Peça ao Criador criatividade e direção que, com certeza, Ele as dará!

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O Testemunho de Deus - Parte Dois

Por experiência própria, já vi várias pessoas que, um dia, estiveram nos caminhos do Senhor e depois se afastaram para viver uma vida onde eles mesmos são os dirigentes, sem se preocupar com o conselho e a vontade de Deus. Afinal, como declarou Jesus: "Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.” A salvação depende da nossa entrega diária à vontade do Senhor. 

Mas o que levou essas pessoas a caírem do estado de fé em que viviam? O testemunho do Espírito falhou? A infalibilidade de Deus não nos permite pensar dessa maneira. Então qual a resposta para essa pergunta? 

O apóstolo Paulo cita dois versículos que podem ser úteis para nossa busca: “Não apaguem o Espírito” (1 Ts 5:19). “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção” (Efésios 4:30). 

No primeiro versículo, Paulo compara o Espírito de Deus ao fogo, algo que pode ser apagado. Talvez, Paulo pensasse nas lamparinas, ou candelabros, que eram a fonte de iluminação da época, enquanto escrevia esse versículo. Se for assim, fica claro que a comunhão com o Espírito é algo que deve ser alimentado constantemente, para que não se apague. Sem uma vida de comunhão com Deus, isto é, oração e leitura da Bíblia, o testemunho do Espírito será cada vez mais imperceptível e, com o decorrer do tempo, será apagado. 

William Craig cita em um dos seus artigos uma história muito interessante sobre como as evidências não podem afetar um cristão que alimenta o fogo do Espírito dentro de si. Craig conta que esteve em contato com um cristão da antiga União Soviética no auge da Guerra Fria e da Cortina de Ferro. Qualquer literatura religiosa era proibida pelo regime comunista ateu. Quando perguntado sobre quais recursos esse cristão tinha para aprender sobre Deus, ele respondeu: "Bem, há uma enciclopédia do ateísmo publicada pelo Estado e, lendo o que é atacado lá, você pode aprender alguma coisa. Mas isso é tudo." Nesse exemplo, você pode ver a força do testemunho do Espírito em um cristão em comunhão constante com Deus. 

No segundo versículo que citamos acima, Paulo diz: “não entristeçais ao Espírito”. Essa passagem nos remete a Isaías 63:10 e Salmos 78:40, onde ambos comparam o entristecer a Deus com a atitude de rebeldia do povo de Israel. Isso significa que entristecemos ao Espírito quando sabemos da verdade e escutamos seu testemunho, mas, voluntariamente, decidimos fazer nossa própria vontade - numa linguagem mais bíblica: quando decidimos viver para agradar nossa carne. 

Muitas das pessoas que vi abandonarem os caminhos do Senhor, não foram motivadas por razões intelectuais ou desconformidade com a Bíblia, mas simplesmente pela tentação de uma vida sem limites – uma vida de prazeres terrenos. Alguns desses que abandonaram a fé poderiam até objetar e levantar diversas razões e evidências contra a fé cristã, mas tenho certeza que isso é somente uma tentativa de aliviar a consciência por sua rebeldia. Um cristão que vive pecando ou insiste no mesmo pecado, provavelmente terá cada vez mais dificuldades em ouvir o testemunho do Espírito e estará sujeito a abandonar a fé. 

Se você é um desses que se desviou do caminho do Senhor, saiba que sempre há uma estrada para você voltar. Apenas permita que Deus te carregue por ela. Mais cedo ou mais tarde, você verá que viver sem Deus é um absurdo. 

Se você não é cristão, apenas tenha coragem e humildade de pedir a Deus para que ele se revele a você. Todas as evidências se tornarão ao favor de Deus quando ele falar diretamente ao seu coração. 

Se você já é cristão, esteja em comunhão sempre com Ele para que a Sua voz sempre o guie pelo caminho. Entregue a Deus os seus pecados e peça a ajuda dEle para não pecar mais, para que o Espírito de Deus não seja entristecido. 

Que Deus nos ajude!

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O Testemunho de Deus - Parte Um

 "Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse." (João 14:26)

"O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus." (Romanos 8:16)

Não sei se você acredita que a salvação possa ser perdida ou não. Se você acredita que não, é possível que você não queira ler este texto. Mas se você acha que é necessário cultivar e cuidar a sua salvação continuamente, quero deixar alguns conselhos sobre algo que pode ser crucial para sua vida de fé.

Neste primeiro post, quero falar sobre como podemos saber que Deus é real, ainda quando as evidências digam o contrário. Tento responder a perguntas semelhantes a essas: como permanecer firme em um mundo que, muitas vezes, leva-nos a pensar que Deus não existe? O que fazer quando todos nossos argumentos apologéticos falharem? A segunda parte, complementando a primeira, é dedicada ao aspecto mais prático: explicar porque alguns abandonam a fé cristã e aconselhar sobre como permanecer inabaláveis.

Dei-me conta desta verdade que vou descrever lendo alguns textos do filósofo Alvin Plantinga e de William Lane Craig. Para quem está acostumado com uma linguagem filosófica, recomendo ler os artigos desses autores sobre o assunto. Ambos, exímios apologistas, isto é, pessoas que dedicam suas vidas a defender racionalmente a fé cristã, provavelmente lidam com a dúvida todos os dias. E não somente com a dúvida, mas também com perguntas não respondidas. Talvez você não seja um apologista, mas também tenham que lidar diariamente com dúvidas sobre Deus, seu modo de agir, sua existência, seu ser, etc.

Deus é infinito e, por conseguinte, nunca chegaremos ao pleno conhecimento dEle. Nossas mentes finitas não o podem conceber. Por exemplo, como entender um ser que é três pessoas ao mesmo tempo? São esses mistérios que o fazem Deus e não homem, infinito e não finito. Tudo isso nos leva à conclusão de que, por mais que estudemos teologia, filosofia ou qualquer outra ciência, nunca teremos todas as respostas. Mas então, o que garante que Deus é realmente verdadeiro? O que nos garante que Jesus realmente existiu e não foi um grande complô de alguns judeus do século I? Que garantia temos de que foi Deus quem criou o universo e não uma série de eventos casuais?

Quando todas as respostas falharem, a Bíblia nos diz que temos o testemunho mais verdadeiro que qualquer evidência: o testemunho do próprio Deus. Ele nos deu o Espírito Santo para que possamos caminhar em direção a toda verdade do conhecimento de Deus, e também para testemunhar sobre a realidade de Deus. O Espírito Santo é o sopro direto de Deus em nossos ouvidos nos dizendo: eu existo, eu sou real, eu te amo, minhas promessas são verdadeiras!

Você já deve ter sentido em algum momento que todas as circunstâncias o queriam afastar de Deus, mas algo dentro de você continuava falando que Ele era a opção verdadeira. Essa é a voz de Deus: tão suave e tão sutil, porém tão profunda e tão real. O próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, nos guiará a toda verdade, mas durante o processo onde conhecemos somente parte da verdade, ele será o testemunho fiel dentro de nós de que Deus realmente existe. Esse testemunho é maior que qualquer evidência e é nele que devemos apoiar nossa fé.

Pode parecer subjetivo, mas se refletirmos um pouco sobre isso, veremos que este é um argumento totalmente lógico. Se um Deus infinito quisesse revelar-se a seres finitos que não são capazes de absorver toda a verdade e que, ao longo da busca por essa verdade, podem tirar conclusões equivocadas de alguma evidência, a única coisa que poderia dar total certeza do que é verdadeiro é que Deus mesmo testemunhasse os fundamentos básicos e eternos àqueles que estivessem dispostos a ouvir Sua voz.

Deixe-me dar um exemplo proposto por Francis Schaeffer sobre nossa limitação em conhecer a verdade. Suponhamos que realmente haja havido um dilúvio de proporções mundiais no tempo de Noé. Esse dilúvio, então, seria capaz de alterar diversas informações sobre a terra e as evidências geológicas e de fósseis disponíveis a nós hoje seriam, por assim dizer, enganadoras. Schaeffer nunca advogou essa teoria e eu tampouco acho que seja verdadeira. O objetivo é somente mostrar como nossa posição para conhecer a verdade absoluta do universo é desfavorável. Por isso, acreditar que Deus não existe a partir de uma teoria científica é uma atitude néscia.

Continua no próximo post. 

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As leis de ontem e de hoje

De fato, o ateísmo é a nova moda, principalmente entre jovens universitários. As redes sociais têm se enchido de propaganda ateia. Esse marketing anti-religioso não se preocupa com o respeito e a moral, antes, trata de ridicularizar qualquer tipo de fé ou crença. O seu público alvo é bem definido: indivíduos, em sua maioria jovens, sem o mínimo conhecimento sobre religiões, acostumados à educação através da recepção e reprodução de dados, sem a mínima reflexão sobre eles. E assim, sem nenhum senso crítico, ingerem e repassam qualquer tipo de propaganda que os faça parecer mais intelectuais e modernos.

Os ateus pregam que os cristãos devem conhecer a ciência antes de argumentar contra as ideias anti-religiosas, porém, eles não se preocupam em ter o mínimo conhecimento de hermenêutica bíblica, utilizando-a de uma maneira simplista e quase cômica, se não se tratasse de um assunto tão sério.

Uma das imagens que me deixou mais indignado, não tanto pela ignorância do argumento, mas pelo número de pessoas que a compartilharam, foi a seguinte: na parte de cima havia, uma imagem de dois homossexuais, com o versículo de Levítico 18:22. Na parte de baixo, a imagem de um homem fazendo a barba, com o versículo de Levítico 21:5. A conclusão era que se Deus não aceitava o homossexualismo também não aceitaria que um homem fizesse a barba.

Há um erro de interpretação básico aqui. Infelizmente, não são somente os ateus que estão desinformados sobre esse equívoco, mas, muitas vezes, os cristãos também. Já falei um pouco sobre o assunto no post sobre “Dízimo”, mas agora, gostaria de dar a minha visão, de uma forma um pouco mais detalhada, sobre a Lei. Espero que ela possa ajudar o leitor a estabelecer sua opinião sobre algumas doutrinas cristãs pós-modernas que se baseiam nesse erro de interpretação. Como sempre digo, não pretendo estabelecer um dogma, mas dar minha opinião sobre o tema.

A LEI – MORAL, CIVIL E CERIMONIAL

Para entendermos a lei temos que voltar ao início da Bíblia, muito antes dela haver sido dada por Deus a Moisés e ao povo israelita no deserto. Tudo começa com a criação do homem. Adão e Eva são colocados no Jardim do Éden. Ali, nesse paraíso na Terra, o Criador lhes dá tudo o que o jardim tinha para oferecer. Deus somente lhes expressa que a Sua vontade era que eles não comessem da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Deus não impede que eles comam, nem dificulta o acesso a essa árvore, somente informa sobre as consequências caso eles comessem (Gênesis 2:16-17). Isso mostra que o homem foi dotado de livre-arbítrio: o poder de escolher fazer a vontade de Deus ou fazer a sua própria vontade, cada qual com suas consequências.

A história nos mostra que o homem escolheu seguir sua própria vontade. Após comer do fruto da árvore, o homem escolheria o que era bom e o que era mal para ele. O ser humano passou a ser o árbitro da moral, ao invés de confiar no Criador de todas as coisas sobre o que seria melhor para ele, seja como indivíduo ou como sociedade. Nessa perspectiva podemos ter uma definição simples de pecado: pecado é tudo o que faz mal, ou traz más consequências, ao homem como indivíduo ou sociedade.

Vemos que a humanidade perdeu seu rumo nessas escolhas, a ponto de o Senhor ter que destrui-la com um dilúvio, diminuir a expectativa de vida do ser humano para somente 120 anos, destruir cidades inteiras como Sodoma e Gomorra, etc. Deus age para que o ser humano não se autodestrua. Mas o Criador também começa a desenhar seu plano de salvação, revelando-se voluntariamente a Abraão.

Anos mais tarde, logo depois do povo ter saído do Egito dando os primeiros passos em direção a uma identidade de nação e não mais somente de uma família de descendentes de Jacó, Deus revela a Lei a Moisés. A Lei é a revelação ao homem do que era bom e do que era mau aos olhos do Deus Onisciente que, por definição, significa o bem e o mal em absoluto. A partir daí, o povo de Israel pôde ter uma guia para discernir o bem e o mal - tarefa essa que o ser humano em geral havia fracassado (e continua fracassando) em fazer.

Agora, talvez, venha o mais importante para o propósito do nosso estudo. Há três tipos de leis descritas no Pentateuco: 1) a Lei Moral, ou seja, os 10 mandamentos, que são os preceitos para o homem discernir entre o bem e o mal. 2) as leis civis, que são leis jurídicas para uma nação em formação; essas leis buscam organizar o povo e diferenciá-los das práticas pagãs e devem ser vistas através da cosmovisão do Antigo Oriente Médio; 3) as leis cerimoniais, que é um conjunto de leis com a finalidade de preparar o entendimento de Israel para a obra do Messias; as cerimonias são carregadas de simbolismo, interpretado no Novo Testamento.

A VIGÊNCIA DAS LEIS

Quais dessas leis seguem vigentes hoje? Ao contrário do que pensam os ateus que criaram essa propaganda mentirosa, os dois versículos citados por eles não são tomados em conta pelo estudo rigoroso da Bíblia, já que foram abolidos pela obra de Jesus. Nós já temos uma Constituição e já temos a remissão dos nossos pecados pela obra de Cristo. Sendo assim, as leis civis e cerimoniais não estão mais vigentes.

A Lei Moral foi a que Jesus veio cumprir. Ela está vigente, apesar de nossa salvação não depender do cumprimento de seus preceitos. Ela é a moral absoluta, revelada por Deus. Jesus resumiu todas estas leis em duas: Amar a Deus com todas as forças e ao próximo como a nós mesmos. Para todos aqueles que dizem que Deus é um Ser estraga-prazeres, cheio de leis que tem como finalidade dificultar nossas vidas, saiba que toda a moral divina se resume em amar, com um amor divino.

Por último, vemos que Deus, em sua infinita sabedoria, inverteu a ordem das coisas. Antes, o homem sem Lei não conseguia discernir entre o bem e o mal. Logo, quando lhe foi revelada a moral absoluta, ele não conseguia cumpri-la. Agora, com a obra redentora de Jesus, Ele mesmo, agindo dentro de nós, nos transforma com o fim de que cumpramos essa Lei. Tão somente precisamos crer nele.

Para terminar, como resposta àquela imagem difundida pelos sites de apologia ao ateísmo, quero dizer que a doutrina bíblica que diz respeito ao homossexualismo se encontra em Romanos 1 e outros versículos semelhantes do Novo Testamento. E nós, cristãos, nunca deixaremos de aceitar e amar um homossexual e, em minha opinião, devemos proteger o direito de cada pessoa tomar suas escolhas com liberdade. O que não podemos é deixar de mostrar as consequências da escolha de cada indivíduo.

Espero que este post tenha ajudado você. Qualquer dúvida ou pergunta, fique à vontade para usar os comentários. Que Deus os abençoe.

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Uma paz diferente

"Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.” (João 14:27)

A noite já havia escurecido os céus de Jerusalém. Naquela sala, iluminada apenas por algumas velas, pairava uma sensação de desconforto. Judas os havia deixado sem dizer sequer uma palavra, após Jesus ter afirmado que um dos doze o trairia. Pedro, na tentativa de controlar aquela situação e oferecer algum consolo a Jesus, afirmou que seria capaz de morrer por aquele que afirmava ser o Messias, o Libertador de Israel. Mas Jesus pareceu não se impressionar com seu discurso. Olhou fixamente nos olhos de Pedro e, após um largo suspiro onde o amor e a preocupação por aquele discípulo se mesclavam, afirmou que ele, o mais falante dos discípulos, o negaria três vezes.

Agora, os onze que ainda estavam com Jesus naquela histórica noite de Páscoa não sabiam mais o que dizer. Havia tanta dúvida em seus corações: seria aquela a noite em que Jesus começaria a revolução para salvar Israel do domínio do Império Romano? Jesus dava indicações de que ele sofreria a morte, mas isso era inconcebível. O Messias não poderia morrer sem salvar o povo. Jesus não era o Messias? Seria ele somente mais um rabi sábio e eloquente? Seria aquele galileu apenas um dos fazedores de milagres daquela época? Deveriam eles ter acompanhado a Judas na sua desistência da fé na salvação de Jesus?

Todos lutavam para não deixar essas perguntas roubarem sua concentração das palavras de Jesus. Ele estava falando agora como nunca havia falado antes. O amor transbordava em suas palavras, como sempre. Havia paz.

O Mestre estava a horas de sofrer amargamente, sofrimento que culminaria em sua morte. Todas as suas células desejavam fugir ou esconder-se, mas Ele não faria nada fora da vontade do Pai. Ele havia amado o mundo de tal maneira, que não desistiria antes de completar sua obra, e agora chegava o momento mais difícil. Ele não usou suas últimas palavras para apontar os erros dos seus seguidores; seus últimos minutos não foram dedicados a criticar a elite religiosa. Seu último discurso antes da morte tinha um único propósito: cuidar daqueles onze homens que estiveram com ele desde o começo. Faltavam poucas horas para sua morte, mas ele falava de paz, repetia a palavra amor a cada minuto, falava que Ele sempre estaria presente - não havia motivo para temer.

O mundo deseja paz. O desejo de todos para 2012 é paz! Harmonia! Porém, Jesus levou a paz a outro nível. Ofereceu a seus discípulos uma paz que somente o céu pode dar e que é muito diferente daquela que o mundo apresenta.

A paz para o mundo é a ausência de conflitos. Todos querem um ano sem guerras em seus relacionamentos, em seu emprego, em sua vida cotidiana. Todos querem dinheiro para que as preocupações não roubem sua paz. Todos querem viver em harmonia, sem enfrentar problemas para poder dormir em paz. A imagem da paz que o mundo apresenta é uma pessoa na praia, com as pernas para o alto, sem ter nenhuma obrigação ou responsabilidade.

Provavelmente, Jesus tinha em mente a tão famosa pax romana quando citou a “paz que o mundo dá”. A pax romana foi o período em que o Império experimentou a paz, alcançada através do autoritarismo e da luta armada. Foi ela que levou Jesus à morte, já que ele era uma ameaça à ordem do Império. Assim somos muitos de nós: vivemos em constantes guerras com o intuito de manter a paz. Tentamos, a qualquer custo, manter as circunstâncias sob controle.

Jesus ofereceu uma paz diferente, que não depende das nossas forças, já que não depende das circunstâncias - ela existe apesar de qualquer coisa. É algo que acontece no nosso interior e que só pode vir do alto, da confiança em que o Criador e Mantenedor do mundo nos ama e sempre luta as nossas batalhas. Só nos resta descansar, ainda que estejamos dentro de um barco açoitado pelas ondas.

Não se preocupe com o que virá em 2012, pois Ele te oferece paz até mesmo no vale da sombra da morte. Que a verdadeira e divina paz esteja com você durante todo este ano!

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