De fato, o ateísmo é a nova moda, principalmente entre jovens universitários. As redes sociais têm se enchido de propaganda ateia. Esse marketing anti-religioso não se preocupa com o respeito e a moral, antes, trata de ridicularizar qualquer tipo de fé ou crença. O seu público alvo é bem definido: indivíduos, em sua maioria jovens, sem o mínimo conhecimento sobre religiões, acostumados à educação através da recepção e reprodução de dados, sem a mínima reflexão sobre eles. E assim, sem nenhum senso crítico, ingerem e repassam qualquer tipo de propaganda que os faça parecer mais intelectuais e modernos.

Os ateus pregam que os cristãos devem conhecer a ciência antes de argumentar contra as ideias anti-religiosas, porém, eles não se preocupam em ter o mínimo conhecimento de hermenêutica bíblica, utilizando-a de uma maneira simplista e quase cômica, se não se tratasse de um assunto tão sério.

Uma das imagens que me deixou mais indignado, não tanto pela ignorância do argumento, mas pelo número de pessoas que a compartilharam, foi a seguinte: na parte de cima havia, uma imagem de dois homossexuais, com o versículo de Levítico 18:22. Na parte de baixo, a imagem de um homem fazendo a barba, com o versículo de Levítico 21:5. A conclusão era que se Deus não aceitava o homossexualismo também não aceitaria que um homem fizesse a barba.

Há um erro de interpretação básico aqui. Infelizmente, não são somente os ateus que estão desinformados sobre esse equívoco, mas, muitas vezes, os cristãos também. Já falei um pouco sobre o assunto no post sobre “Dízimo”, mas agora, gostaria de dar a minha visão, de uma forma um pouco mais detalhada, sobre a Lei. Espero que ela possa ajudar o leitor a estabelecer sua opinião sobre algumas doutrinas cristãs pós-modernas que se baseiam nesse erro de interpretação. Como sempre digo, não pretendo estabelecer um dogma, mas dar minha opinião sobre o tema.

A LEI – MORAL, CIVIL E CERIMONIAL

Para entendermos a lei temos que voltar ao início da Bíblia, muito antes dela haver sido dada por Deus a Moisés e ao povo israelita no deserto. Tudo começa com a criação do homem. Adão e Eva são colocados no Jardim do Éden. Ali, nesse paraíso na Terra, o Criador lhes dá tudo o que o jardim tinha para oferecer. Deus somente lhes expressa que a Sua vontade era que eles não comessem da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Deus não impede que eles comam, nem dificulta o acesso a essa árvore, somente informa sobre as consequências caso eles comessem (Gênesis 2:16-17). Isso mostra que o homem foi dotado de livre-arbítrio: o poder de escolher fazer a vontade de Deus ou fazer a sua própria vontade, cada qual com suas consequências.

A história nos mostra que o homem escolheu seguir sua própria vontade. Após comer do fruto da árvore, o homem escolheria o que era bom e o que era mal para ele. O ser humano passou a ser o árbitro da moral, ao invés de confiar no Criador de todas as coisas sobre o que seria melhor para ele, seja como indivíduo ou como sociedade. Nessa perspectiva podemos ter uma definição simples de pecado: pecado é tudo o que faz mal, ou traz más consequências, ao homem como indivíduo ou sociedade.

Vemos que a humanidade perdeu seu rumo nessas escolhas, a ponto de o Senhor ter que destrui-la com um dilúvio, diminuir a expectativa de vida do ser humano para somente 120 anos, destruir cidades inteiras como Sodoma e Gomorra, etc. Deus age para que o ser humano não se autodestrua. Mas o Criador também começa a desenhar seu plano de salvação, revelando-se voluntariamente a Abraão.

Anos mais tarde, logo depois do povo ter saído do Egito dando os primeiros passos em direção a uma identidade de nação e não mais somente de uma família de descendentes de Jacó, Deus revela a Lei a Moisés. A Lei é a revelação ao homem do que era bom e do que era mau aos olhos do Deus Onisciente que, por definição, significa o bem e o mal em absoluto. A partir daí, o povo de Israel pôde ter uma guia para discernir o bem e o mal - tarefa essa que o ser humano em geral havia fracassado (e continua fracassando) em fazer.

Agora, talvez, venha o mais importante para o propósito do nosso estudo. Há três tipos de leis descritas no Pentateuco: 1) a Lei Moral, ou seja, os 10 mandamentos, que são os preceitos para o homem discernir entre o bem e o mal. 2) as leis civis, que são leis jurídicas para uma nação em formação; essas leis buscam organizar o povo e diferenciá-los das práticas pagãs e devem ser vistas através da cosmovisão do Antigo Oriente Médio; 3) as leis cerimoniais, que é um conjunto de leis com a finalidade de preparar o entendimento de Israel para a obra do Messias; as cerimonias são carregadas de simbolismo, interpretado no Novo Testamento.

A VIGÊNCIA DAS LEIS

Quais dessas leis seguem vigentes hoje? Ao contrário do que pensam os ateus que criaram essa propaganda mentirosa, os dois versículos citados por eles não são tomados em conta pelo estudo rigoroso da Bíblia, já que foram abolidos pela obra de Jesus. Nós já temos uma Constituição e já temos a remissão dos nossos pecados pela obra de Cristo. Sendo assim, as leis civis e cerimoniais não estão mais vigentes.

A Lei Moral foi a que Jesus veio cumprir. Ela está vigente, apesar de nossa salvação não depender do cumprimento de seus preceitos. Ela é a moral absoluta, revelada por Deus. Jesus resumiu todas estas leis em duas: Amar a Deus com todas as forças e ao próximo como a nós mesmos. Para todos aqueles que dizem que Deus é um Ser estraga-prazeres, cheio de leis que tem como finalidade dificultar nossas vidas, saiba que toda a moral divina se resume em amar, com um amor divino.

Por último, vemos que Deus, em sua infinita sabedoria, inverteu a ordem das coisas. Antes, o homem sem Lei não conseguia discernir entre o bem e o mal. Logo, quando lhe foi revelada a moral absoluta, ele não conseguia cumpri-la. Agora, com a obra redentora de Jesus, Ele mesmo, agindo dentro de nós, nos transforma com o fim de que cumpramos essa Lei. Tão somente precisamos crer nele.

Para terminar, como resposta àquela imagem difundida pelos sites de apologia ao ateísmo, quero dizer que a doutrina bíblica que diz respeito ao homossexualismo se encontra em Romanos 1 e outros versículos semelhantes do Novo Testamento. E nós, cristãos, nunca deixaremos de aceitar e amar um homossexual e, em minha opinião, devemos proteger o direito de cada pessoa tomar suas escolhas com liberdade. O que não podemos é deixar de mostrar as consequências da escolha de cada indivíduo.

Espero que este post tenha ajudado você. Qualquer dúvida ou pergunta, fique à vontade para usar os comentários. Que Deus os abençoe.

One Response so far.

  1. Anônimo says:

    É tão lamentável as pessoas usarem a Bíblia para justificar os seus pecados,isso só mostra uma coisa: a pessoa não quer mudar, não está à vontade com o que faz porque a consciência pesa, mas procura justificar a si mesma o pecado.Mas é como está no fim do post amamos as pessoas seja qual for a sua escolha, mas não precisamos aceitar o seu pecado e não podemos deixar de mostrar as consequencias dele.

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