Segunda-feira passada vi uma pessoa morta. Era um homem recém assassinado: estendido no chão, encharcado de sangue e cercado por policiais. Quando o vi, ele recém havia perdido a vida. Jazia ali sem nada para o cobrir, vivendo a última vergonha de sua passagem por essa terra.

Qual foi o seu sentimento ao ler o primeiro parágrafo? Dor, pena, nojo ou indiferença? Afinal, a cada dia muitas pessoas perdem a vida, seja pela violência em Caxias do Sul, pela fome na África ou algum vírus na Ásia. Achamos que tudo isso é natural, biológico, não há como mudar.

Eu soube definir meu sentimento no exato momento em que continuava minha caminhada para casa. Ele se chamava, e se chama, compaixão.

A palavra grega normalmente traduzida por compaixão na Bíblia é splagchnizomai. Seu significado, conforme o dicionário Strong, é ter piedade nas entranhas ou suspirar nas entranhas. Mais do que um simples sentimento, a compaixão envolve o ser emocional e o físico. É, por assim dizer, uma reação psicossomática instantânea. Nos evangelhos, referindo-se a Jesus, o termo aparece muitas vezes precedido de "movido". O Mestre via alguma situação e era movido de compaixão.

Naquele momento, indo para casa, percebi a grandeza do que eu sentia. A compaixão me dizia que algo precisava ser feito para mudar a realidade. Nada mais poderia ser feito por aquele homem, mas sim por muitos que perderão suas vidas se não experimentarem nenhuma mudança em seu destino. Esse suspiro que mexe com nosso físico é a voz de Deus nos dizendo que ele deseja por mudança, e que nós somos capazes de mudar as situações que nos geram compaixão.

Esse é o puro sentimento que deveria motivar cada cristão a exercer seu chamado. Não planos pessoais, promoções, promessas de uma vida mais fácil, mas compaixão. Este sentimento físico que nos impele a mudar as situações.

A Bíblia nos mostra que foi por compaixão que Jesus multiplicou os pães e os peixes. Foi por compaixão que Deus perdoou nossa dívida. Por compaixão ele deu vista aos cegos, fez paralíticos andarem. Por compaixão ele ensinou as multidões que eram como ovelhas sem pastor.
Toda vez que Jesus sentia compaixão ele agia. A compaixão era o combustível de Jesus, e assim deve ser nosso combustível para mudar o mundo em que vivemos. Esteja aberto a ser mais compassivo, deixe que as situações gerem essa dor interna e aja!

One Response so far.

  1. Isaac Böhm says:

    Jesus não buscou seu "ethos" (credibilidade) nos religiosos de sua época (fariseus,saduceus), muito pelo contrário, comia com publicanos e levava as boas novas a escória da sociedade(cegos,coxos,leprosos,lunáticos,prostitutas e viúvas).

    Por que nós tentamos fazer o caminho inverso?!

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