“Um deles, o discípulo a quem Jesus amava, estava reclinado ao lado dele. Simão Pedro fez sinais para esse discípulo, como a dizer: ‘Pergunte-lhe a quem ele está se referindo’. Inclinando-se esse discípulo, perguntou-lhe: ‘Senhor, quem é?’ Respondeu Jesus:’Aquele a quem eu der este pedaço de pão molhado’”. (João 13:23-26)

Eu acho incrível a vida do apóstolo João. Ele entendeu o amor de Jesus como nenhum outro discípulo, e isso fez toda a diferença na sua vida e no seu ministério.

O relacionamento de João com Jesus foi distinto. Podemos ver isso fazendo um paralelo com Simão Pedro, outro discípulo de Jesus. Na última ceia, enquanto Pedro fazia juras de amor ao Senhor, sendo surpreendido com a declaração de Jesus de que Pedro o negaria três vezes dentro de poucas horas, João estava sentado ao lado de Jesus, e o seu grande Líder lhe confia um segredo. Na crucificação todos deixaram a Jesus, inclusive Pedro que devia estar se lamentando em algum lugar de Jerusalém. João, porém, estava ao lado de Jesus até o final e Jesus lhe confia a responsabilidade de cuidar de sua mãe.

É básico à vida cristã que entendamos o amor divino. Melhor dito, esse amor é incompreensível. Tudo que temos que fazer é aceita-lo. E assim poderemos viver a plenitude que João experimentou em sua vida.

O fato que me chama mais atenção nesse diálogo é a posição de cada um dos envolvidos. Jesus era o líder. João, o discípulo. Era o último momento de Jesus com seus discípulos, a chance de entregar todas as diretrizes do futuro. Porém, eles estão comendo e conversando. Jesus informa a seus discípulos que um deles seria o traidor.

Até aí tudo bem, a profecia tinha que se cumprir de que um dos que se assentavam com Jesus o iria trair. O que me impressiona é que João se arrisca a perguntar a Jesus qual deles o trairia. Mas o que me impressiona sobremaneira é que Jesus responde a essa pergunta. Eu não vejo nenhum sentido em João saber quem seria o traidor. João não impediria isso, e obviamente Jesus não o deixaria impedir caso ele tivesse esse poder. Mas ele não tinha. Jesus simplesmente conta esse segredo a João por causa da amizade que os envolvia.

Sempre aprendi, em todas as aulas de liderança que tive, que o líder não deve se expor. Temos a idéia de que um líder, para que seja bem-sucedido, não deve ter uma relação demasiadamente íntima com nenhum de seus liderados. Contar segredos pessoais então está totalmente fora de cogitação. Ainda bem que Deus não pensa como nós!

Jesus não se importava tanto com a liderança quanto com a relação. Para ele era muito mais importante a relação pessoal do que qualquer coisa. Na verdade, sua liderança foi construída com base nas relações interpessoais com seus discípulos. E essa relação não era fingida, como é de costume de muitos líderes cristãos e não-cristãos. Jesus se doava a relação. Não tinha medo de que os seus discípulos conhecessem seus segredos.

Ainda hoje precisamos saber que o interesse de Deus em nós não é ser nosso líder. Seu interesse é muito mais profundo. É de uma relação em que ambos os lados se doem totalmente. Jesus se doou totalmente na cruz para que essa relação dê certo e continua se doando. Nós também podemos experimentar esse nível de relação. Nós, ainda hoje, podemos ouvir os segredos de Jesus.

One Response so far.

  1. Os segredos do Senhor são para aqueles que o amam!!! Jesus mesmo nos disse que não nos chamaria mais servos, pois o servo não sabe o que o seu senhor faz, mas nos chamaria amigos, e disse ainda que os amigos do noivo sempre terão o noivo!!! Aleluia!!!!
    "Que amigo encontrei, é mais chegado que um irmão, seu toque eu já senti, foi mais íntimo de todos, ... Jesus! Que esperança encontrei, é mais fiel que uma mãe, meu coração partiria, se eu perdesse esse amigo, ... Jesus"!!!

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