Hoje almocei na minha vó. Depois de comer, me sentei na cadeira de balanço e fiquei observando o seu jardim, cultivado com toda a destreza e paciência alemãs. Aquele período de sonolência e paz pós-almoço fez voltar a minha mente uma questão de algum tempo atrás: Por que existem flores?

Não sou biólogo e, inclusive, biologia sempre foi a matéria que menos me atraiu. Até onde sei a única função da flor é armazenar o pólen, que é parte da reprodução das plantas e alimentação de alguns insetos. Mas qual o motivo de a flor ser como ela é? Por que Deus deu à flor pétalas e não somente o núcleo, que é a parte “útil” dela? Ou, por que as flores têm cores diferentes? Por que a natureza não é toda verde?

A única resposta que pude conceber é de que Deus quer revelar sua beleza por meio de sua criação. O único motivo de uma flor ser como é e o mundo não ser preto-e-branco ou grayscale é porque Deus quer que você veja algo belo todos os dias! Isso contraria totalmente a visão que temos de que Deus é um ser que exige nossas tarefas diárias cumpridas ao pé da letra sem nenhum erro ou pecado. Não! Ele é um Deus que se preocupa com nosso lazer e bem-estar. A beleza tem a capacidade de nos trazer sentimentos de paz e harmonia, sentimentos esses inerentes à Deus

Diz Romanos 1:20: “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas”. A natureza é a melhor pregadora que já existiu ou existirá. As cores, os aromas, as formas. Cachoeiras, abismos, vales, montanhas: tudo revela a natureza, o DNA, de Deus. O Engenheiro do mundo é também o Arquiteto. Ele não se preocupou apenas com a funcionalidade das coisas, mas também com a beleza. Simplesmente porque a beleza é algo que flui de Deus. Este traço da personalidade de Deus me fascina.

É importante ressaltar que isso não é o mesmo que a idéia panteísta, na qual se baseia, por exemplo, o hinduísmo. O panteísmo diz que tudo é Deus e Deus é tudo. Outro dia ouvi de um amigo uma frase que retrata bem o panteísmo: “Estou mais tranqüilo que vaca na Índia.” O que eu quero dizer é que a criação expressa a essência do criador, assim como um filho herda o DNA de seu pai e sua mãe.

Em algum dos tantos livros do psicólogo Augusto Cury que li, lembro de ele comentar que um dos passos para uma vida emocionalmente saudável é a contemplação do belo. Você já pensou que, talvez, todas as flores que você encontra no caminho de sua casa até seu trabalho estão lá simplesmente porque Deus desejou que você visse algo belo todos os dias? Até o turbilhão de cores no wallpaper do seu computador expressa a natureza de Deus!

Isso tudo me incentiva a começar a reparar mais na beleza da criação. Guardar um tempo para isso. Descansar e contemplar a criação, para ver refletido nela o Arquiteto, o Engenheiro, o Artista, o Criador: DEUS!

(Em breve, continuação...)

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